quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Obsoleto



Nada de pressa, se aquieta e não transborda. Lembre - se que você enquanto copo de vidro é frágil... estas mãos que voltaram a rodear-te e seguraram-te para si, já te soltaram outrora e ainda são inseguras.
 Você, copo, foi deixado na beira da mesa de propósito, para cair e assim aquelas mãos tão suspeitas diriam que foi queda por acidente.
 Obsoleto, é isto a única coisa que aqueles olhos veem em você, fraqueza.  E na hora do nervosismo, em que seu conteúdo tremia dentro de você, as mãos que se encheram de ego lhe arremessaram ao chão sem a menor sombra de dúvida de que você se partiria  em pedaços.
 Nem se quer se preocupou em recolher teus pedaços - você não era digno de reciclagem-, calçou os sapatos de couro, firmemente pisou-te, ou melhor, pisou em teus fragmentos, aumentando a sua dor – dor esta que sentia impotente e calado.
 Você ali, partido em mil pedaços, um dia fora copo leve e transparente e foi essa mesma inocência que te levou ao que é hoje: caco de vidro, espalhado pelo chão para que tanto aqueles pés decididos e tão vorazes que conheces bem, quanto qualquer estranho te pisem.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

No escuro

 Neste local escuro, onde sombras se unem, o medo se esquece e o momento é o que aquece.
 Sinto, toco, respiro.
 Sou sentida e tocada, embriagada pela tua respiração...
 Você me busca, me sente, me toca, me tem.
  No escuro e agora,
  sou tua refém.