Nada de pressa, se aquieta e não transborda. Lembre - se que você
enquanto copo de vidro é frágil... estas mãos que voltaram a rodear-te e
seguraram-te para si, já te soltaram outrora e
ainda são inseguras.
Você, copo, foi deixado na beira da mesa de
propósito, para cair e assim aquelas mãos tão suspeitas diriam que foi queda
por acidente.
Obsoleto, é isto a única coisa que aqueles
olhos veem em você, fraqueza. E na hora
do nervosismo, em que seu conteúdo tremia dentro de você, as mãos que se
encheram de ego lhe arremessaram ao chão sem a menor sombra de dúvida de que você se partiria em pedaços.
Nem se quer se preocupou em recolher teus
pedaços - você não era digno de reciclagem-, calçou os sapatos de couro,
firmemente pisou-te, ou melhor, pisou em teus fragmentos, aumentando a sua dor –
dor esta que sentia impotente e calado.
Você ali, partido em mil pedaços, um dia fora
copo leve e transparente e foi essa mesma inocência que te levou ao que é hoje:
caco de vidro, espalhado pelo chão para que tanto aqueles pés decididos e tão vorazes que
conheces bem, quanto qualquer estranho te pisem.